ADVOCACIA: Uma Questão de Tempo

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Já imaginou se você pudesse voltar no tempo e mudar erros cometidos no início da sua carreira na advocacia? Talvez não precise ir tão longe; pense em alguma dificuldade – de um passado próximo – com clientes, juízes, serventuários da Justiça, sócios, estagiários, com outros colegas de profissão ou mesmo na gestão do seu escritório, que se você tivesse outra chance, gostaria de ter evitado. Voltar no tempo seria a solução dos seus problemas ou esses acontecimentos fazem parte do seu processo de crescimento pessoal e profissional? Uma obra cinematográfica tem muito a nos ensinar sobre isso.

“Questão de Tempo” (2013) é um dos filmes mais queridos dos últimos anos, principalmente porque ele foge do trivial, ao misturar fantasia com os gêneros de romance, drama e humor. O filme conta a história de Tim, um jovem que descobre que pode voltar no tempo através de uma tradição familiar. O longa traz um equilíbrio perfeito nos momentos de drama e humor, entregando leveza e reflexão da melhor maneira possível. Domhnall Gleeson está muito bem no papel principal, ofertando um personagem carismático que consegue nos conectar com a trama e com ele próprio. O mais interessante é que Tim é advogado, o que transforma ainda mais esse filme numa experiência de maior aprendizado para nós.

Escolhas, relações familiares, casamento, amizade, amadurecimento, vida profissional – e a consequente descoberta da responsabilidade – são apenas alguns dos diversos temas que podemos extrair lições desse ótimo filme, mas, o principal deles é a relação com o tempo. Tudo muito próximo da vida normal de um advogado, não é mesmo? Da faculdade de Direito, passando pelos estudos para realização do exame de Ordem, os desafios do início da profissão, até a consolidação da carreira, vários universos andam em paralelo rumo a uma convergência no tempo.

Na verdade, uma das grandes reflexões desse ótimo filme é, justamente, o que fazer com o tempo que temos ao nosso dispor. Nossa sociedade se acostumou à chamada “correria”, onde nos desdobramos em vários afazeres que chegam até nós, gerando a percepção de que os dias parecem curtos demais para cumprirmos todas as nossas obrigações; quando não damos conta de todas elas, sentimos algo negativo, como as sensações de desgaste, sobrecarga e o peso de dever não cumprido. Contudo, o “status” de não ter tempo ficou para trás, hoje quem o gerencia com eficácia cria um grande diferencial na vida, e no mercado jurídico.

Friedrich ASSLÄNDER e Anselm GRÜN, na obra a Administração Espiritual do Tempo, afirmam que:

O tempo-Cronos, que experimentamos, como data, prazo, como tempo corrente, provoca medo. Nós dominamos este tempo, medimos os processos de trabalho, planejamos e calculamos. Ao mesmo tempo, somos dominados por ele e nos tornamos escravos de nossos planejamentos e datas. Experimentamos isto como pressão do tempo, sob a qual somente nós, seres humanos, sofremos.

Por isso mesmo, sabemos que o melhor é encontrar estratégias para administrar esse tempo cronológico com sabedoria. No filme, a viagem no tempo é uma ótima alegoria, é um dom que Tim possui, que se mal administrado trará consequências nem sempre esperadas. Por exemplo, em determinado momento, quando ele resolve ajudar um amigo, ele revive o dia em que conheceu o amor de sua vida, Mary, mas perde o horário do encontro e, consequentemente, a chance de conhecê-la, fazendo com que Tim precise refazer tudo novamente para corrigir toda a situação. A vida do advogado – como em qualquer outra área profissional – também é feita de escolhas, e os resultados são fruto das decisões (pequenas e grandes), assim como ações realizadas durante o processo; nem sempre consegue-se reverter as consequências de atos voluntários ou não.

No final, Tim aprende que não precisa mais voltar no tempo para fazer as coisas da melhor forma. Ele entende que é preciso aproveitar cada momento com suas particularidades, e isso é uma grande lição para o nosso próprio dia a dia. Quando aprendemos a gerir melhor o nosso tempo, nossa produtividade e os resultados são otimizados em uma escala maior do que imaginamos, projetamos crescimento. A advocacia também se constrói através da experiência, busca de oportunidades e lapidação na entrega do produto ou serviço, que se faz com o tempo, e no tempo oportuno.

Os autores Friedrich ASSLÄNDER e Anselm GRÜN, na obra acima citada, trazem uma abordagem perfeita de uma mitologia que se adequa à nossa realidade:

Na Antiguidade, atribuiu-se grande importância ao momento justo, à qualidade do tempo, tal qual é representado Kairós. Consultava-se o oráculo de Delfos a propósito dos tempos oportunos para negócios e para as guerras. (…) Kairós é o deus do momento adequado, a ocasião favorável. Ele é retratado como um jovem com uma calva e uma fronte vigorosa. (…) Kairós representa o demorar-se no movimento do presente que muda constantemente, o mergulho no agora e no reconhecimento das oportunidades.

Advocacia é paixão e racionalidade, é prática e entrega, é gestão das emoções, dos processos e do tempo. O foco deve ser sincronizar o tempo oportuno ao cronológico, a rotina árdua do advogado com uma análise sistêmica do meio, que possibilite o exercício dos pilares da gestão e do empreendedorismo, pois essas características integram as necessidades do novo mercado jurídico, sem respostas e resultados instantâneos. A solução dos problemas não está no retorno ao passado, mas no significado e utilização do conhecimento e experiências adquiridas nesta honrosa profissão. Advocacia é uma questão de tempo.

Robson Alves da Silva Costa

(Diretor Executivo e Estrategista em Gestão Legal, ABSOLUTO GESTÃO LEGAL)

Paulo Felipe Almeida

(Coordenador de Conteúdo, ABSOLUTO GESTÃO LEGAL)

Imagem: Cartaz Promocional do Filme QUESTÃO DE TEMPO.

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